sábado, 20 de agosto de 2011

Pra nós, todo amor do mundo.

- Alô?

- Oi, não fala nada, só escuta. Sim, tenho plena consciência de que são 2:32 da manhã, ou melhor da madrugada, e que você odeia que te acordem. Sei também que você tá com o coração acelerado porque como sempre, o toque do seu celular é estridente. Mas olha, estou fazendo tudo isso por um bom motivo. Lembra da minha amiga, a Hanna? Então, ela me apresentou um cara tão lindo, tão inteligente, alto, másculo, e que não come strogonoff com farinha. Ele tem dois cachorros dóceis, e mora em um apartamento no centro da cidade que é ma-ra-vi-lho-so. Mas antes que você pense que eu liguei pra fazer ciúmes, eu liguei porque eu vim aqui pra o quintal olhar o céu, e comecei a chorar. Tava passando ”Aqui, de Ana Carolina” na rádio, e sabe, eu lembrei de quando sentei na mesa da casa da tia com você, e reparei você começou a me empurrar stronoff com farinha porque você gostava. Você fazia minhas vontades quando eu queria comeralguma coisa nada possível no momento, e até me apelidou de Pipi. Olha só, que coisa estúpida, eu olhando o céu. Olahndo o céu porque quero parecer mais desligada, mas estou chorando porque lembrei que o apelido era tão engraçadinho. Tá vendo? Eu sou uma burra. Mas você, você também é. Burro por me deixar ir embora, burro por não lutar por mim. Te juro que só mais um pedido para que eu ficasse, eu ficava, e ficava pra sempre! Mas você, como sempre, disse que eu já era grande demais pra decidir o que fazer da vida. Mas vida, que vida? Vida sem você? Não existe. O cheiro desse cara que a Hanna me apresentou é de perfume importado, você sabe o quando sou tarada por perfumes. Mas eu largaria esse cheiro de Malbec ou de banco de couro de carro novo, não importa, pelo seu cheiro de fritura, após uma tentativa bela de uma farofa com cenoura. Tô chorando mais ainda. Por que você não me pega no colo, diz a ele que sou sua, e me leva pra sua casinha, zona, sei lá, que é toda bagunçada hein? Hein? Já se passaram 6 meses, vi suas atualizações nas redes sociais. Vi você sem começar e nem terminar relacionamentos, como quem parou no tempo. E eu não falei nada. Quer dizer, até agora, porque você é um idiota, sabe que me ama e não faz porcaria nenhuma. Mas enfim, além de estar olhando o céu e chorando, eu também tô bebendo. Bebendo muito, mas nem assim esqueço. Você sabe o quanto me faz falta? Todos os contos de Caio Fernando me lembram você, e os toques, os sorrisos, as piadas, são tão sem graça se não há você do meu lado, bagunçando meu cabelo e me apertando. Mas tá bom, tô falando demais, né? Você ainda tá aí? Tô falando tanto e nem reparei se a sua respiração tá no outro lado da linha...
Eu poderia te dedicar minhas melhores frases, te oferecer minhas melhores musicas, te escrever minhas melhores cartas, mas isto seria suficiente? Eu poderia te encontrar nos meus melhores sonhos, te ouvir nos meus melhores segundos, colocar teu nome nos meus mais felizes pensamentos, mas isto faria diferença? Poderia sentir saudade ao ver os melhores filmes, chamar teu nome nas noites mais escuras, discar teu numero nos momentos mais frios, mas você saberia? Poderia te convidar para passear na chuva, perfumar meu travesseiro com o teu cheiro, esconder teu primeiro bilhete no bolso da minha mochila, mas você entenderia? Eu poderia te colocar toda noite nas minhas orações, mas você daria importância? Poderia aprender piadas idiotas só para te contar, mas você sorriria para mim se não fossem por elas? Eu poderia encher a estante com suas fotos, pintar a parede da sua cor preferida, poderia comprar uma cama maior, mas isto te faria ficar? Eu poderia subir até a lua e pichar seu nome lá ao lado do meu, mas isto te faria enxergar? Eu poderia gritar na sua porta que te amo, mas isto te faria entender? Eu poderia fazer tudo isso só pra te ter do meu lado – pra sempre ou por cinco minutos, porque tempo não faz a diferença quando estamos juntos.





" Era uma vez uma menina muito boba, que gostava das pessoas com facilidade e era tão, mas tão orgulhosa, que nunca admitia os próprios erros. Era uma vez uma menina que precisava fazer esforço somente pra se revelar, somente pra deixar de lado a sua parte mais retraída. Fazia esforço até pra dar um sorriso mais aberto. Uma menina versátil, sonhadora, que escrevia para desabafar e às vezes até para abafar o que realmente sentia, uma vez que inventava histórias apenas para manter o coração bem calmo. (...) E então a menina sonhava, sonha, sonhava… Inventava um mundo novo. (...) E a menina se fechava, miúda por dentro e tão robusta por fora, e sorria, sorria, sorria. Por dentro tão miudinha, tão triste, tão fechada. Por fora com aparência de gigante. Era uma vez uma menina. Uma menina que tinha medo de tudo, não gostava do escuro, ficava o dia todo tentando entender a si mesma, e tinha os pés pequenos demais. Era uma vez uma menina que não roía as unhas, tinha os dentes meio tortos embaixo, não gostava de manga e tinha aversão à obra sem graça. Era uma vez eu: a menina. "